Atento e curioso, Eduardo prendia o olho na avó Rosa, que estudou na mesma escola que o neto. Mas, naquela época, a Quati tinha outro endereço.
“A escola era de chão batido. A gente andava descalça e parava no meio do caminho para cortar goiaba. Éramos felizes, mesmo diante das dificuldades”, conta Rosa, acompanhada da mãe Alzira dos Santos, 78 anos. Ela nunca estudou no colégio, mas é uma das moradoras mais antigas no bairro. Todos os seus filhos estudaram na Quati. “Eu nasci no centro de Guaramirim, mas vim pra cá aos três anos. Criei 11 filhos nesse bairro e ganhei todos em casa, nas mãos da parteira”, relembra Alzira que se emociona ao trazer à tona as lembranças do passado. “A gente comia o que plantava, criava galinha, antes era tudo mato, agora é tudo diferente”, diz a matriarca da família que também fala aos pequenos da caminhada de 10 quilômetros que fazia de carroça ou até mesmo a pé, até o centro da cidade.
Érica, 10 anos, não conteve a curiosidade e bombardeava os convidados de perguntas. “Como os professores eram naquela época com os alunos”. A resposta veio em seguida. “A gente ficava de castigo com o joelho no milho e cheirava a parede, mas só quando éramos muito levados. Antigamente havia muito mais respeito entre aluno e professor”, conta Marilda, irmã de Rosa.
Já Iago queria mesmo era saber do conteúdo escolar. Rosa esclareceu sua dúvida. “A gente tinha livros, resolvia problemas, o estudo era puxado. Todas as séries eram numa sala só e tínhamos apenas uma professora”. Nesse momento, Rosa resgatou a memória do pai e lembrou com carinho quando ele a colocava ao lado do fogão a lenha e tomava a lição de casa.
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