Guaramirim

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um encontro com o tempo



Barro BRANCO

Foi com a música A Paz, da banda Roupa Nova, que os alunos da Escola Vereador Heitor Antonio da Silva iniciaram o encontro, na manhã de 18 de outubro, com moradores do Bairro Barro Branco, convidados para o Projeto Redescobrindo os Bairros da unidade de ensino. A escola, multisseriada, atende crianças do 1° ao 4° ano, e segundo o registro oficial, funciona desde 1946, quando se situava próxima à igreja do bairro. Dona Tereza Vich, 81 anos, rebate a informação, afirmando que estudou na escola na década de 30, em uma sala cedida por José Vailatti. “O meu professor foi Cantalício Flores”, relembra, citando o conhecido benfeitor de Guaramirim. Ela conta que a escola era uma construção de madeira, distante do chão e acessada por uma escada. O mobiliário da sala dispunha apenas da lousa e das carteiras com seus espaços para os tinteiros, onde os alunos se sentavam em grupos.   De todos os convidados presentes, apena Tereza Vich e sua xará Tereza Orzeckowicz, 53, filha do vereador que se tornou patrono, estudaram na unidade de ensino, que nos seus primeiros anos se chamou Escola Isolada Barro Branco. E por que Barro Branco? Essa ninguém soube responder com certeza.
Os outros convidados estudaram em suas terras de origem, antes de imigrarem para Guaramirim. Porém, as perguntas que as crianças fazem sobre o passado escolar se aplicam a quem estudou em qualquer escola na época.
 O senhor Ari Van Den Bylaardt, 81, conta que freqüentou os bancos escolares até a 3ª série. “Naquela época, o ensino público era só até a 3ª série. Se quisesse estudar mais, teríamos que ir para o ‘centro’ e pagar por mais estudo”, disse.

Surras

Todos são unânimes ao afirmarem que, antigamente, havia mais respeito pelo professores. Em parte, porque se não houvesse, apanhava-se dos mestres sem a menor cerimônia. O senhor Osvaldo Giovanella conta que na escola onde estudou, havia um pomar cheio de árvores frutíferas, inclusive pessegueiros. “Se alguém aprontava, o professor mandava ir ao pomar buscar uma vara do pessegueiro. E batia. Depois deixava a vara em cima da mesa para o próximo que saísse da linha”, diz, enquanto as crianças arregalam os olhos com as informações. Além das varas, havia o tradicional castigo de ajoelhar-se no milho, ou levar as famosas reguadas na mão. “Uma vez, uma professora pegou uma criança, que eu não sei o que havia aprontado. A professora tinha uma régua, mas uma régua boa, sabem, e segurou a mão da criança. Quando foi bater com força, a criança puxou a mão e a professora acertou a si mesma. Ela saiu cambaleando, as lágrimas saltando pelos olhos. Essa, eu nunca vi bater em mais ninguém”, conta o senhor Ari, em meios ao risos da platéia. “Eu não aprontava na aula. Se não pudesse fazer o bem, o mal não fazia”, ensina.

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