Guaramirim

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Uma volta ao passado através da memória viva

AMIZADE

Plantações de banana, uma fábrica de cachaça, uma vila com casas concentradas. Uma viela com muitos buracos, onde até as carroças tinham dificuldade para passar
Foi isso que descreveu Dona Cidália Nart Testoni aos alunos do 4º e 5º ano da Escola Lauro Loyola Carneiro. A simpática senhora, que nasceu em Luiz Alves, mas mora há 70 anos em Guaramirim, estava se referindo ao Bairro Amizade. Décadas atrás, era assim que se vivia lá. Sem comércio, as famílias trocavam entre si o que produziam; o transporte das mercadorias produzidas pelos moradores era realizado por carroças puxadas a boi ou a cavalo.
 “O traçado da rua era outro. Precisávamos contornar o morro para levar comida ao papai que trabalhava na lavoura”, conta Dona Cidália.  Para estudar, era preciso ir até a Escola Almirante Tamandaré, a pé ou de bicicleta. A rua que hoje leva o nome de um antigo morador, João Sotter Correa, era chamada de Tifa do Elói ou Tifa do Morro do Defuntinho.
O proprietário da fábrica de cachaça, onde grande parte dos primeiros moradores do bairro trabalhava, percebeu a necessidade de uma escola para atender as crianças da vila. Ele cedeu uma casa de madeira, com poucos recursos, mas que serviu perfeitamente como sede para as aulas que eram ministradas em meio a muita vontade de ensinar e aprender. A primeira professora chamava-se Eliane Correa.
Para Dona Cidália, o progresso foi muito bem-vindo. “Tudo é mais fácil; temos o Fórum, mercado, padaria, verdureira e farmácia bem pertinho”, diz. Infelizmente, existem também os percalços que acompanham o avanço. “As ruas são estreitas para o grande fluxo de veículos, dificultando a travessia e faltam sinalizações”, afirma. Há também o aumento da violência; a casa de Dona Cidália já foi assaltada duas vezes.
Quanto à educação, dona Cidália diz que tudo no seu tempo era mais rigoroso. Havia respeito, e em alguns momentos até medo. Para ela, hoje em dia há mais liberdade. “Os pais, pela necessidade de trabalhar, deixam de acompanhar grande parte do processo de aprendizagem dos filhos”, encerrou.

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