Guaramirim

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Bairro Recanto Feliz é redescoberto por alunos

RECANTO FELIZ

Um bairro recente, com cerca de 700 famílias habitando a margem do Rio Itapocuzinho. Este é o cenário onde está localizada a Escola Vereador Armin Bylaardt, no Bairro Recanto Feliz, em Guaramirim.
O bairro é escolhido pelos moradores por ser próximo de Jaraguá, que oferece mais oportunidades de emprego, melhorando as condições de vida. A professora Glauce Machado coordenou em julho deste ano uma pesquisa com as famílias dos alunos, que mostrou que a maioria dos habitantes do Bairro Recanto Feliz veio de um Estado próximo: o Paraná.
E foi com alguém vindo de fora que a história do Recanto Feliz começou. Entre 2002 e 2004, a escola fez um resgate histórico do bairro, registrado em um livro bastante manuseado. Nele é possível ler uma história bem curiosa: a do “Alemão Cachorro”. Lá por volta do fim do século XIX, um homem chamado Paulo Schneider mudou-se para as terras onde mais tarde se fixaria o Recanto Feliz. Na época não havia estradas; a única forma de penetrar naquelas matas era pelo Rio Itapocuzinho. O Sr. Schneider, acompanhado da esposa e dos três filhos, vivia isolado ali. E não era por falta de estrada: ele mesmo não permitia que as pessoas atravessassem o rio e adentrassem as terras do bairro. Por este comportamento pouco simpático, Paulo Schneider ficou conhecido como o “Alemão Cachorro”.
O Bairro Recanto Feliz, que tem agora sete ruas, foi retratado pelos alunos em maquetes que ficaram expostas nas dependências da escola. O rio, a escola, o morro, a lagoa e até a mercearia do bairro foram representadas ao lado das casinhas de papelão com cores de tinta guache. Um primor.
A estudante do 5º ano Mirian Dias de Oliveira, 10, acredita na importância do trabalho. “Nosso bairro está precisando ser relembrado”, afirma. A colega Rúbia Leticia Junk, 9, concorda e acrescenta “É legal saber que muitas pessoas já moraram aqui”.
Por ser um bairro recente, existem poucas pessoas que nasceram ali; a maioria é imigrante de outras cidades, bairros e estados.  Segundo a professora Glauce, isto é um reforço para as atividades do Redescobrindo os Bairros. “Os alunos e os pais não conhecem a história do bairro”, diz.

Crianças despertam criatividade e imaginação em semana especial

O projeto “Eu Quero É +” promoveu a semana “Sinta-se um pouco mais bailarino”. As crianças que participam das oficinas de dança do programa puderam usar toda a criatividade e imaginação para caracterizarem-se com figurinos próprios. Coordenados pela professora Gabriela, os alunos desfilaram e fizeram uma sessão de fotos.
As aulas de dança acontecem nos bairros Recanto Feliz, Corticeira, Caixa d’àgua, Vila Amizade, Avaí e Rio Branco. O projeto também oferece oficinas de capoeira, artesanato, canto em coral, flauta doce e violão.

Uma volta ao passado através da memória viva

AMIZADE

Plantações de banana, uma fábrica de cachaça, uma vila com casas concentradas. Uma viela com muitos buracos, onde até as carroças tinham dificuldade para passar
Foi isso que descreveu Dona Cidália Nart Testoni aos alunos do 4º e 5º ano da Escola Lauro Loyola Carneiro. A simpática senhora, que nasceu em Luiz Alves, mas mora há 70 anos em Guaramirim, estava se referindo ao Bairro Amizade. Décadas atrás, era assim que se vivia lá. Sem comércio, as famílias trocavam entre si o que produziam; o transporte das mercadorias produzidas pelos moradores era realizado por carroças puxadas a boi ou a cavalo.
 “O traçado da rua era outro. Precisávamos contornar o morro para levar comida ao papai que trabalhava na lavoura”, conta Dona Cidália.  Para estudar, era preciso ir até a Escola Almirante Tamandaré, a pé ou de bicicleta. A rua que hoje leva o nome de um antigo morador, João Sotter Correa, era chamada de Tifa do Elói ou Tifa do Morro do Defuntinho.
O proprietário da fábrica de cachaça, onde grande parte dos primeiros moradores do bairro trabalhava, percebeu a necessidade de uma escola para atender as crianças da vila. Ele cedeu uma casa de madeira, com poucos recursos, mas que serviu perfeitamente como sede para as aulas que eram ministradas em meio a muita vontade de ensinar e aprender. A primeira professora chamava-se Eliane Correa.
Para Dona Cidália, o progresso foi muito bem-vindo. “Tudo é mais fácil; temos o Fórum, mercado, padaria, verdureira e farmácia bem pertinho”, diz. Infelizmente, existem também os percalços que acompanham o avanço. “As ruas são estreitas para o grande fluxo de veículos, dificultando a travessia e faltam sinalizações”, afirma. Há também o aumento da violência; a casa de Dona Cidália já foi assaltada duas vezes.
Quanto à educação, dona Cidália diz que tudo no seu tempo era mais rigoroso. Havia respeito, e em alguns momentos até medo. Para ela, hoje em dia há mais liberdade. “Os pais, pela necessidade de trabalhar, deixam de acompanhar grande parte do processo de aprendizagem dos filhos”, encerrou.